Diretor de Cultura, Bené Sena, fala sobre as reivindicações que a área vem recebendo.

16/04/2007

JN: Bené, além de ser diretor você sempre foi participante do quadro artístico de Jequié. Isso ajuda ou não na resolução das inúmeras reivindicações feitas pelos artistas locais? Bené: Em parte, porque conheço os problemas da classe, conheço a maioria dos artistas de Jequié, comungo dos mesmos ideais. Muitos problemas podem ser resolvidos porque dependem de recursos viáveis, negociáveis e muitas destas pessoas não querem nada além do possível, entretanto, existem alguns que sonham muito alto e têm o direito de sonhar, mas os recursos não existem e ai a insatisfação é natural. JN: Quando será a reinauguração da Casa da Cultura e o que o público perceberá de mudanças da antiga Casa? Bené: O orçamento para reforma está pronto. Depende agora da secretaria de infraestrutura para execução. Terá sanitário feminino e masculino, mudança no posicionamento das cadeiras, reforma do pátio, das salas internas, sistema de ventiladores e melhoramentos no palco. JN: Existe algum projeto para o público jequieense poder prestigiar peças teatrais de renome nacional? Ou mesmo, quando nós poderemos assistir o já famoso jequieense Zéu Britto no palco de sua terra natal? Bené: Nós não temos pensado em espetáculo. Estamos voltados para levar arte para os bairros e distritos, fazer oficinas para preparar melhor os nossos jovens que querem a arte como elemento participativo em suas vidas. A Secretaria de Educação e Cultura estará aberta a colaborar com os produtores locais que queiram trazer peças e artistas que tenham uma linguagem séria e de valor cultural verdadeiro e o Zéu, pelo que tenho conhecimento, tem esta linguagem. Infelizmente, a maioria dos espetáculos que vem para Jequié não traz no seu bojo algo que se possa chamar de conteúdo e cultural, pelo menos ultimamente. JN: Faça as suas observações sobre a situação da Cultura de Jequié e nos fale sobre as suas perspectivas em relação ao futuro. Bené: A situação da cultura em Jequié carece na verdade de um bom sacolejo. Destruíram a nossa maior festa popular que sem dúvida nenhuma era carnavalesca, inventaram um São João que só agora, com a Vila Junina, reaparece, não temos escola de música, o que tem de artes plásticas atende à particulares que podem pagar, e por isso tudo, podemos desenhar uma série de pontos negativos, entretanto, temos um patrimônio incalculável que são os artistas desta cidade, eles são muitos e lutadores. Possuímos um conselho de cultura atuante, uma casa de espetáculo que é o Centro de Cultura ACM, um presente do então governador César Borges, o que nos coloca na frente de muitos municípios. Quanto às perspectivas são as mesmas de anos anteriores e as mesmas de muito artistas, porque estou diretor e o diretor é uma “relação pública”, um intermediário entre a classe e governo. Temos muitas idéias possíveis e até mirabolantes para a nossa realidade. Já começamos um trabalho com o projeto “Circo d’arte” no bairro Boa Vista neste mês, e nos próximos meses, em vários bairros da cidade. Vamos trabalhar muito mesmo para atender as expectativas que tantos colocaram ao meu nome. Não é fácil, mas faremos o possível e quem sabe até o mirabolante.