Secretário Municipal de Cultura e Turismo, Alysson Andrade, conversa conosco.
01/06/2016
JN: Dias após a divulgação do São de Jequié, a Prefeitura Municipal
voltou atrás e resolveu não mais fazer a festa, sendo restrita à Vila
Junina. Como será o evento e o porquê dessa decisão?
Alysson Andrade: Apenas um esclarecimento inicial: a festa de São João está mantida em Jequié. Especialmente para 2016, a alteração será apenas no seu formato. Ou seja, a nossa festa de São João será realizada na Vila Junina com a manutenção e o fortalecimento das tradições populares nordestinas. Além da Vila da Praça Ruy Barbosa, teremos ainda um tablado na Av. Alves Pereira, onde trios pé-de-serra se apresentarão nas noites de 23, 24 e 25 de junho. Na vila – que tradicionalmente acontece de 14 a 25 de junho - ocorrerão apresentações de bandas locais, trios pé-de-serra, além de quadrilhas juninas, performances teatrais, animação com Caxangá e Fulô, dentre outras atividades típicas do período. A decisão do prefeito Sérgio Gameleira de redimensionar o São João de 2016 está fundamentada na responsabilidade que o seu governo tem de garantir o pagamento das despesas mais prioritárias, a exemplo dos salários dos servidores públicos comissionados, terceirizados, dentre outras que são indispensáveis ao bom funcionamento da máquina pública.
JN: Levando em conta o forte apelo popular que existe sobre o São João
Jequieense, principalmente em outras regiões – a cidade recebeu em
determinados anos a classificação como uma das maiores festas juninas da
Bahia –, como avaliar esse impacto no setor cultural e até mesmo
econômico para a cidade?
Alysson Andrade: De fato, entre os anos 2000 e 2012, o São João de Jequié ganhou notoriedade nacional, o que colaborou sobremaneira para o desenvolvimento da economia local, bem como do turismo e da cultura neste período. Entretanto, com a chegada da prefeita que ora se encontra afastada pela Justiça a festa foi perdendo, gradativamente, a sua grandiosidade. O São João diminuiu o seu poder gerador de receita e a capacidade de produzir uma identidade cultural local. Para retomarmos o processo de desenvolvimento, ao assumir a prefeitura, o prefeito Sérgio da Gameleira nos orientou para que criássemos a festa de São João do ponto de vista legal, inserindo-o no Calendário Municipal de Eventos do Município de Jequié. A orientação foi prontamente acatada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e já se encontra na Câmara de Vereadores uma mensagem do prefeito que sugere a aprovação desta proposta de Lei pelos nossos vereadores. Além da proposta de criação da nossa maior festa do calendário popular, o prefeito nos pediu que encaminhássemos ao Legislativo Municipal, uma proposta para criação do Conselho Municipal do São João de Jequié (CMSJ), uma espécie de “conselho”, com o objetivo de ampliar a discussão coletiva acerca da realização da festa, com a participação de representações de Órgãos e Entidades representativas da sociedade civil.
JN: Você é uma pessoa reconhecidamente ligada à cultura de Jequié. Sempre
esteve entre os movimentos culturais, produzindo, prestigiando e também
lutando pela manutenção da Secretária de Cultura – a qual em determinado
momento foi colocada de lado pelo governo Tânia Brito. Agora, assumindo
o papel de Secretário Municipal de Cultura e Turismo, como conseguirá
equacionar a vontade de produzir, mostrar o seu trabalho com o momento
economicamente tão delicado que passa a Prefeitura Municipal?
Alysson Andrade: O desafio é enorme. Conhecemos bem as demandas do setor e sabemos que não somos capazes de atendê-las completamente em curto prazo. Não queremos entrar no campo das promessas, tampouco somos os “salvadores da pátria”, apesar de reconhecermos que as expectativas das pessoas existem, dado o longo período em que não tiveram qualquer atenção por parte do Poder Executivo. O desequilíbrio financeiro herdado da gestão passada e o tamanho do descaso para com o setor cultural chaga a ser impossível mensurar em poucas linhas. Por outro lado, o prefeito Sérgio Gameleira nos pediu um plano para os próximos 100 dias e já entregamos a ele. Uma vez que nós já apontamos as prioridades do setor cultural local, a nossa pretensão é, na medida do possível, coloca-las em prática. Essas prioridades perpassam pela requalificação e reabertura de espaços culturais; efetivação dos pagamentos das propostas selecionadas no Edital Jequié Cultural; implementação de projetos institucionais; e, por fim, iniciar as audiências públicas para formatação do Plano Municipal de Cultura (Lei decenal), conforme orienta o Ministério da Cultura e o Governo da Bahia, por meio da Secult-BA. Assim, concluiremos o nosso Sistema Municipal de Cultura e estaremos habilitados a repasses financeiros fundo a fundo, quando for possível.
JN: Levando em conta que a Secretaria é também de turismo, você poderia
elencar os potenciais turísticos da cidade que poderiam ser explorados?
Alysson Andrade: O primeiro passo é fazer um trabalho de fomento aos potenciais turísticos locais, visto que não se tem conhecimento de qualquer ação pública de valorização deste setor nos últimos anos. A ideia é, a partir de uma mobilização acerca do nosso potencial, entrarmos com ações voltadas para a organização de um roteiro turístico e cultural, contemplando o turismo religioso, o turismo de eventos, o turismo ecológico e rural (que envolve as trilhas, cachoeiras, etc.). Recentemente em Jequié, vivemos um crescimento de estabelecimentos na zona rural, com pesque-pague, caminhadas e trilhas para ciclismo, pousadas, restaurantes, etc. Pretende-se convocar todos os envolvidos no segmento turístico, no sentido de ouvi-los e em seguida oferece-los capacitação, dentre outras ações que possam promover a organização do setor. Pretende-se, ainda, atualizar o inventário turístico municipal e, com isso, recolocarmos Jequié na zona turística “Caminhos do Sudoeste”.
JN: Houve alguma auditoria da pasta? Se sim, poderia nos dizer o
resultado da atual situação?
Alysson Andrade: O prefeito estará divulgando, depois de procedimentos legais, uma entidade que ficará responsável pelos trabalhos de auditoria em todas as pastas vinculadas a prefeitura de Jequié. Sofremos uma invasão recente em alguns órgãos municipais, entre os quais está incluída a Secretaria de Cultura e Turismo. Com muita cautela e responsabilidade, todas as providências no sentido de levantar e tornar pública a situação encontrada na prefeitura já estão sendo tomadas. Em tempo oportuno a sociedade terá acesso amplo às informações.
JN: O governo atual é interino e caso não haja nenhuma reviravolta
jurídica, se encerra no mês de dezembro deste ano – já que novas
eleições serão realizadas. O que é possível fazer em tão pouco tempo?
Alysson Andrade: Um plano de médio prazo já foi entregue ao prefeito Sérgio Gameleira, que tem cobrado do seu secretariado o cumprimento das metas. Alteramos por meio de uma portaria publicada no Diário Oficial do Município, o horário de funcionamento da Secretaria de Cultura e Turismo (que antes funcionava apenas das 8h às 14h), passando para 8h. às 12h. e 14h. às 18h. Na verdade, internamente, estamos trabalhando até às 20h ou mais. A ideia é reorganizar o setor o quanto antes, para que possamos oferecer respostas rápidas à sociedade. Como já disse, não somos os “salvadores da pátria”, mas com humildade, responsabilidade e eficiência buscaremos cumprir cada item contido no plano encaminhado ao prefeito. Estamos nos dedicando ao máximo no sentido de melhorar a nossa Jequié, melhorar a vida das pessoas. Tenho certeza que iremos entregar a gestão pública em condições administrativas mais favoráveis ao próximo prefeito.
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