Corregedoria do TJBA cobra informações da Seap para decidir destino de líder de facção de Jequié preso em Salvador
16/12/2025
A Corregedoria de Presídios do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) decidiu manter um líder de facção preso em Salvador, afastado do Presídio de Jequié. A medida, inicialmente emergencial, é decorrente da violenta guerra de facções que explodiu no interior do estado no início de 2025.
O caso envolve Ivonildo Santos da Silva, conhecido como “Jegue”, cuja transferência do Conjunto Penal de Jequié para Salvador, determinada em janeiro, foi mais uma vez prorrogada pela Corregedoria de Presídios do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA). A decisão veio após a intervenção no presídio de Jequié ser considerada fundamental para conter a série de homicídios que aterrorizou a região.
A decisão judicial é decorrente da escalada de violência que começou na virada do ano. Segundo a documentação da Superintendência de Gestão Prisional (SEAP), Jequié viu o registro de oito homicídios qualificados e três tentativas de assassinato em apenas cinco dias.
A causa dessa matança foi um rearranjo de forças no submundo do crime. Relatórios de inteligência apontam que a união entre traficantes ligados às facções Tudo 3 e PCC – liderados por Paulo TG (Jequié), Playboy (Ipiaú) e Valdir do Sem Terra (Itapetinga) – tinha como objetivo tomar bairros controlados pelo grupo rival, o Tudo 2 (CV), de Sandro Real. O revide do Tudo 2 deu início à série de mortes que mobilizou a segurança pública.
Para a SEAP e a Secretaria de Segurança Pública, a violência nas ruas estava sendo diretamente orquestrada de dentro do Conjunto Penal de Jequié. Ivonildo "Jegue" e outros cinco detentos foram identificados como "lideranças negativas" que seguiam "gerindo e emanando ordens" para seus comparsas externos.
A transferência imediata para Salvador foi a ação de intervenção para quebrar essa cadeia de comando e, assim, tentar desestabilizar os grupos criminosos. “As lideranças comandam não somente a dinâmica do Conjunto Penal de Jequié, como também seguem gerindo e emanando ordens para seus correligionários que estão fora das unidades prisionais praticarem os mais diversos crimes, inclusive os supradestacados homicídios dolosos”, diz trecho do ofício que solicitou a transferência dos internos.
A transferência de Ivonildo foi inicialmente autorizada de forma excepcional e temporária por 180 dias. Com o fim do prazo, a Justiça da 2ª Vara de Execuções Penais de Salvador chegou a solicitar o retorno do apenado a Jequié. No entanto, após uma nova análise da Corregedoria, que ouviu os setores de inteligência e o Juízo de Jequié, a permanência em Salvador foi prorrogada por mais 180 dias, reconhecendo que o risco de desestabilização e o comando de crimes persistiam.
Agora, com o novo prazo perto do fim, a juíza auxiliar da Corregedoria, Maria Helena Lordelo de Salles Ribeiro, determinou que a SEAP e o Juízo de Jequié informem, em até 15 dias, se "persistem os motivos" que levaram ao afastamento do detento. A decisão final sobre o destino de "Jegue" – se permanece em Salvador ou retorna ao interior – dependerá diretamente da avaliação atualizada sobre a segurança de Jequié e a capacidade do preso de comandar o crime à distância.
BNews - Claudia Cardozo