Radialista e jornalista, Souza Andrade, comenta sobre os principais assuntos da cidade, inclusive eleição municipal.

13/03/2008

JN: Obras estão sendo realizadas e benfeitorias anunciadas a todo instante nos últimos meses em Jequié pela Prefeitura Municipal. Como você avalia esta situação, levando em consideração problemas estruturais muito mais graves na cidade? Souza: As coisas que vêm sendo feitas e anunciadas não representam nenhuma novidade, pois são compromissos que foram assumidos faz tempo. Biblioteca, Palácio das Artes, organização do trânsito, transferência dos ambulantes e a reurbanização da Cidade Nova já deveriam ter sido entregues à comunidade. O mesmo vale para a construção das Casas Populares que sequer foi concluída a primeira etapa. O povo espera o inicio das obras no Loteamento Alto da Bela Vista, a inauguração do Restaurante Popular, a implantação da Delegacia da Mulher, como aguarda também a implantação da Branil e da Chateau D’Ax. Enquanto isso assiste o fechamento do Frisuba, empresa que empregava cerca de 360 trabalhadores e que era responsável pela existência de inúmeras empresas de pequeno porte, incluindo pequenos criadores de gado. Se nossas autoridades não tiverem uma atuação firme Jequié corre o risco de adiar o sonho de ter a sua unidade do Cefet em funcionamento ainda em 2008. Como todas essas ações estão engatilhadas, acreditamos que este ano será lembrado como um período positivo em termos de realizações. Tomara que novos imprevistos não ocorram para não voltar a frustrar as expectativas do povo. JN: Souza, os cidadãos jequieenses já estão estafados com o assunto Chateau d’Ax. Sabemos que já existe um escritório da empresa instalado em nossa cidade com inclusive custos mensais de manutenção. Se os italianos têm interesse, por que a empresa ainda não veio? Falta vontade política? De quem? Souza: O representante da empresa no Brasil, que é uma pessoa muito ligada a Jequié e que tem um grande carinho por essa cidade, vem, desde o começo, trabalhando para implantar a Chateau D’Ax aqui. A Prefeitura também cumpriu sua parte ao adquirir um terreno na Cachoeirinha para a implantação da empresa. O Governo do Estado, ainda na administração anterior, não atendeu todas as exigências dos “italianos”. Sabe Deus o que impede o acordo. A essa altura da competição não creio em falta de vontade política, talvez falte confiança entre a administração pública estadual e a representação da empresa. Falta transparência. E é justamente essa falta de transparência tanto por parte da empresa quanto do governo baiano que nos intriga. Certo é que foi criada uma grande expectativa em torno da criação de milhares de novos empregos e até agora nada. JN: Cidades baianas que eram de porte econômico inferior ao de Jequié foram nos ultrapassando ao longo dos anos. É quase por unanimidade quando jequieenses falam que mesquinhez política é o motivo que faz a cidade não se desenvolver. Você acha que falta jovens jequieenses de caráter com pensamento na vida pública? Novas alternativas nas urnas? Souza: Poucas cidades baianas tiveram a oportunidade de passar por um ciclo intenso e vigoroso de transformações. Mas, questões políticas fizeram a nossa economia despencar. Jequié sempre oscilou entre o crescimento e a retração. Tivemos, em várias épocas, décadas perdidas em função de problemas políticos e insegurança administrativa, mas também já ostentamos o título de capital do Sudoeste do Estado e figuramos entre as economias mais fortes do interior. O que se observa é uma Jequié que não sabe aproveitar as oportunidades para promover as transformações desejadas. A expansão da cidade é desordenada. Infelizmente, Jequié não teve sorte com as últimas administrações e aí, ao que parece às urnas vão exigir do eleitorado um esforço redobrado para não corrermos o risco de penar com administrações pouco comprometidas com a coletividade. JN: Falta pouco para a eleição que elegerá o prefeito de nossa cidade. Como vem se desenhando as alianças políticas em Jequié? Souza: As conversas estão entocadas. Ainda não se fala em alianças, embora essa possibilidade exista, até pelas lições do passado. Você deve lembrar que, quando as vaidades pessoais prevaleceram os teimosos perderam a eleição. Temos hoje várias postulações avulsas. O petista Isaac Cunha é o único candidato a prefeito declarado. Ele tem densidade eleitoral. É um forte postulante. O PMDB afirma que a candidatura de Luis Amaral é para valer e vem sendo apresentada como boa alternativa. Tem fama de bom prefeito. Já Roberto Brito prefere aguardar um pouco mais para anunciar o nome do seu grupo, mas está em plena campanha, com visitações semanais a diversas comunidades. Desses três nomes - Tânia Brito, José Simões de Carvalho e o próprio deputado – sai o candidato. Nos bastidores, alimenta-se a idéia de uma quarta postulação. Pessoas ligadas ao prefeito Reinaldo Pinheiro vem se entusiasmando com a possibilidade de ele vir a concorrer à reeleição, mas sua pretensão ainda não é real por causa do desgaste de sua administração que não se recupera da noite para o dia. Confira o blog de Souza Andrade: www.souzaandrade.com.br