Quem assiste ao Big Brother Brasil? Por Lucas Andrade.

04/02/2013

Criticar o Big Brother Brasil se tornou uma necessidade. Todos, mesmo os telespectadores mais assíduos, precisam demonstrar, publicamente, sua ojeriza pelo programa. Criticar o Big Brother Brasil virou sinônimo de inteligência, ou melhor, de uma sofisticada intransigência dialógica. Assim, as redes sociais estão repletas de postagens alusivas ao reality show da Rede Globo. Piadinhas sarcásticas tentam dessacralizar um dos mais rentáveis e assistidos programas da história da televisão brasileira. Na verdade, a internet se tornou um mecanismo providencial para religiosos, artistas e intelectuais de última hora tecer seus comentários nada amistosos. Entretanto, em sua 13º edição, o programa mantém seus elevadíssimos índices de audiência, sendo imbatível no seu horário de curso. Agora, se você quiser encontrar por aí algum fã do Pedro Bial, desista. Alguém que assista o reality todos os dias, é quase impossível! Nas universidades, ninguém perde tempo com esse tipo de coisa. Professores, jornalistas, médicos, psicólogos, advogados... Tudo gente culta que compactua outras preferências. Assim é fácil concluir que estamos falando de um produto destinado a um determinado seguimento da população. Mas será mesmo? Estatisticamente falando, fica claro que o programa em questão faz sucesso mesmo entre as camadas mais pobres da sociedade, o que abri precedentes para o estabelecimento de uma série de estereótipos. Perigosos estereótipos, diria eu. Se o Big Brother é coisa de gente burra e a grande maioria dos seus telespectadores reside nas periferias do nosso país, logo... É melhor parar por aqui. O fato é que atitudes hipócritas tendem a suscitar idéias eugenistas que falsamente são combatidas nos espaços mais “socializados” das grandes cidades. Em contrapartida, Zygmunt Bauman afirma que o Big Brother pode ser assistido por diferentes pessoas e pelas mais diversas razões, que, embora seja um programa confuso, tem algo que é para todo mundo, ou pelo menos para muitos, talvez para a maioria – não importando o gênero, a tonalidade da pele, a classe ou o diploma escolar. Contudo, como diria Francis Bacon: “as pessoas tendem muito a menosprezar a verdade, devido às controvérsias surgidas em torno dela, e a fazer um julgamento errado daqueles que nunca refutam”. Engraçado como no Brasil admite-se, “inteligentemente”, a homofobia e a intolerância religiosa. Com argumentos ainda mais inadequados, assume-se até que gosta-se de Augusto Cury e de Luan Santana, mas não do Big Brother. Ainda segundo Bauman, o Big Brother tem muito a nos oferecer, sobretudo para aquelas “pessoas que necessitam de um vocabulário mais rico na linguagem suja e de mais lições objetivas sobre o seu uso”. Particularmente, sendo bem sincero, eu não gosto do programa! Mas sei que você, caro leitor, não costuma perder um episódio. Todavia, concordo com Berger quando diz que: “a sinceridade é a consciência do homem que se empolga com sua própria representação”. Ou, como expressou David Riesman: “o homem sincero é aquele que acredita em sua própria propaganda”. Eu odeio o Big Brother! Lucas Ribeiro Estudante de 10º semestre de Psicologia.