O elitismo da “esperteza”. Por Carlos Éden Meira.

25/03/2013

Sabemos perfeitamente que grande parte das elites de uma nação é composta de homens empreendedores, profissionais e empresários honestos e dinâmicos dos quais depende o sucesso da economia e consequentemente o desenvolvimento e o progresso de uma sociedade democrática. No entanto, a inversão de valores deflagrada a partir da apologia à “esperteza”, quando a falta de escrúpulos é requisito “imprescindível” para alcançar sucesso em quaisquer empreendimentos, graças à abjeta simbiose entre políticos e empresários desonestos, forma-se assim, uma elite corrupta. É este tipo de elite corrupta que representa certa parte da classe dominante, em que o chamado capitalismo selvagem mantem o abismo social entre ricos e miseráveis, gerando enormes contradições sociais que resultam no descrédito nas instituições ditas democráticas. Quando enormes massas de cidadãos trabalhadores, cumpridores dos seus deveres, veem-se maltratados e humilhados no momento de cobrar seus direitos, enquanto indivíduos que enriqueceram na base da safadeza e da calhordice alcançam os mais altos patamares da sociedade, vivendo uma vida luxuosa, usufruindo dos benefícios que deveriam estar ao alcance de todos, sem distinção de classe, cria-se o ambiente favorável aos movimentos revolucionários que ao longo da história, derramaram muito sangue, trazendo dor e sofrimento para milhões de pessoas, muitas das quais, crianças inocentes e intelectuais pacifistas que criticavam os excessos cometidos pelos revoltosos, que depois de vitoriosos acabaram também, cometendo atos de violência e injustiça, durante os momentos cruciais da construção da nova ordem estabelecida, como sempre. A Revolução Francesa de 1789 e a Revolução Russa de 1917 foram consequências e claros exemplos das reações populares aos descasos, indiferença e insensibilidade das classes dominantes corruptas, que aliadas a políticos poderosos, cometeram toda sorte de injustiças e abusos de poder. Tais abusos chegavam aos absurdos de degradação moral e físicas das populações escravizadas a um sistema brutal e desumano, muito parecido com o que ainda ocorre em algumas regiões de países do chamado terceiro mundo. As notícias diárias na imprensa nos dão conta de atos de cinismo de homens públicos, que escarnecem da população afrontando-a com seus abusos de poder e franca impunidade para seus crimes e de seus protegidos. Malfeitores ricos dispõem de batalhões de advogados para defendê-los, buscando nas brechas de leis caducas e equivocadas os meios “legais” para mantê-los impunes, dando nojentas declarações na imprensa que nos provocam ânsia de vômito. Nessas declarações, eles usam e abusam dos Direitos Humanos como base para justificar suas nauseabundas ações na justiça. Triste é o futuro de uma nação que tem seus códigos de leis deturpados e distorcidos no interesse de uma minoria de canalhas hipócritas, em detrimento dos direitos da enorme massa dos excluídos. Carlos Éden Meira Jornalista e cartunista