Médico-cantor, Raimundo Oliveira, mostra grande talento em “Gabiru”.

08/02/2008

Um médico plural num CD genial. Quem assiste às aulas do médico cardiologista na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), em Jequié, interior da Bahia, bem na terra de Waly Salomão, nem imagina o talento deste professor, e cantor multimídia que acaba de lançar seu mais novo trabalho - o CD “Gabiru”, sucesso de público e crítica na Bahia que decola para o Brasil e o mundo. O professor-cantor, Raimundo Almeida Oliveira, é natural de Itabuna, terra do cacau, região de inspiração das obras de Jorge Amado. Ainda jovem, mudou-se para Salvador a fim de iniciar os estudos rumo à Universidade, mas a música, a poesia e a literatura lhes confundia com suas opções. Ingressou na Universidade Federal da Bahia em 1970, época de efervescência de movimentos políticos e culturais dos jovens intelectuais da Bahia, e após anos de estudos, forma-se pela UFBA em medicina, profissão que exerce até hoje em Jequié. Nas horas vagas, composições aqui, ali e acolá. Lançou seu álbum de estréia com dez selecionadas canções. Jequié é o cenário de inspiração. "Meu objetivo é resgatar a cultura popular, numa linguagem simples e inteligível, sem perder de vista as raízes nordestinas de nossa gente", adverte o cantor ao lançar Gabiru com dez canções inéditas. O conteúdo das letras é cantado enfocando temas daqueles nordestinos que migram para outras regiões do país em busca de melhores dias e em geral acabam morando nas favelas, debaixo de viadutos ou marginalizados nos "carandirus". Ele fala ainda da fome, da seca, da ALCA (Aréa de Livre Comércio das Américas) como ameaça à economia brasileira, ao Mercosul (Mercado Comum do Sul), e a América Latina de um modo geral, do sonho da casa própria, todas embaladas pelo violão e voz suave em estilo popular para o grande público. Diz-se neosócio-romântico por ser uma tentativa de resgatar o romântico em um mundo saturado pelo materialismo e agressividade. Ao mesmo tempo o neosócio traz a baila uma nova leitura das mazelas sociais brasileiras à luz do contemporâneo, quando as injustiças e repressões são mais sutis, sub-reptícias e até mais eficientes do que nos tempos truculentos da ditadura militar. Tudo numa linguagem clara e acessível ao povão. Carlos Almeida Jornalista Página na web de Raimundo Oliveira: www.myspace.com/raimundooliveira