Leia Santos, Assistente Adm. da COOPROAF, fala sobre a Cooperativa.

03/05/2017

JN: Como surgiu a ideia da cooperativa?

Leia Santos: No ano de 2005 foi realizado no município de Manoel Vitorino, Sudoeste da Bahia, uma capacitação de beneficiamento de fruta do sequeiro com foco no umbu - fruto nativo da caatinga e que no nosso município tem em abundância. A partir dessa capacitação surgiu a ideia de formar um grupo para produzir doces e derivados do umbu.

 

JN: Hoje em dia são quantas pessoas envolvidas no projeto?

Leia Santos: Cooperados são 77 diretamente e indiretamente são 500 famílias envolvidas.

 

JN: Conte um pouco mais como ela funciona. Funciona como produção e comercialização, na qual o maior beneficiário são os cooperados.

JN: Quais são os produtos que a Cooperativa produz? Como adquiri-los? Doce cremoso, geleia, compota, nego-bom, doce de corte de umbu, geleia de maracujá da caatinga, preparado líquido para refrescos sabores goiaba, maracujá da caatinga, maracujá amarelo e umbu. Para adquiri-los entrar em contato através do e-mail [email protected] ou pelo telefone (73) 9 8131-6301 e (73) 3549-2693. Ainda poderão conhecer a nossa loja, a qual tem como responsável senhora Elenita Maria. A loja é um ponto onde todos os nossos produtos são comercializados e também de outras cooperativas da região.

 

Historia da COOPROAF

No ano de 2005 foi realizado no município de Manoel Vitorino, Sudoeste da Bahia, uma capacitação de beneficiamento de fruta do sequeiro com foco no umbu - fruto nativo da caatinga e que no nosso município tem em abundância. A partir dessa capacitação surgiu a ideia de formar um grupo para produzir doces e derivados do umbu. No dia 6 de janeiro de 2006 na cantina do educandário Monteiro Lobato o grupo de 13 mulheres, sendo elas: Marilda dos Santos, Leia dos Santos Couto, Elenita Maria Souza Silva, Marinei Dos Santos, Maria Madalena Gonçalves Couto, Maria Suely Ferreira Araujo, Inácia Conceição Souza Meira, Rogéria Karina Fernandes, Nilva Nei Alves Cruz, Janete Santos Couto, Maria da Conceição Barboza Naltran, Mariângela dos Santos Couto, Maria de Lourdes Brito da Silva, armazenou as primeiras bombonas com o extrato do umbu e os primeiros pacotes de doces da fruta. Foi o início! Com uma atitude que mudaria as nossas vidas e também começaria uma grande batalha. Não tínhamos local para produzir, não tínhamos capital de giro, sem equipamentos para a produção dos doces, enfim tudo muito difícil e muito árduo. Entretanto, possuíamos garra e uma força de vontade gigante para ter uma renda estável, para que não fôssemos dependentes do Programa Federal Bolsa Família - um dinheiro que ajudou muito, mas incerto - sempre vinha a pergunta: e se não estiver na conta, como vamos honrar nossos compromissos? A nossa determinação é que nos empurrava cada vez mais rumo a realização dos nossos muitos sonhos, de ter nossa independência financeira e melhoria de vida, de ter um trabalho reconhecido não só no nosso município, mas a nível estadual, nacional ou quem sabe mundial. A Associação dos Barraqueiros e Feirantes nos forneceu a sua documentação para que nos pudéssemos fazer a nossa primeira venda para a prefeitura municipal de Manoel Vitorino. Em 2007 conseguimos vender para a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) através da Cooperativa de Trabalho da Região Sudoeste da Bahia (COOPERSUBA) da cidade de Vitoria da Conquista. O primeiro financiamento no banco do Nordeste proporcionou comprarmos os equipamentos necessários a uma produção maior, como tachos, colheres de pau, baldes, embalagens etc. Para conseguir o dinheiro e quitar com a obrigação do financiamento, fomos vendemos de porta em porta... Na época o valor era pouco, apenas para pagar o que devíamos, não sobrava nada de extra. Mas, o tempo passou e tudo começou a melhorar. Vieram outros cursos de capacitação, os quais vieram o conhecimento de que era necessário formar uma cooperativa. E ela foi fundada com 45 sócios, mas infelizmente não fez sucesso, pois os que estavam a frente não tinha o mesmo interesse das primeiras 13 mulheres (ou, as “doces mulheres” apelidadas carinhosamente à época). Tempos depois, com orientação de nosso braço direito, Cristiano e seu fiel parceiro Neguinho da Fanta foi fundada a Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar do Sudoeste da Bahia, a COOPROAF, dessa vez com 24 cooperados sendo eles 23 mulheres e 1 homem. Em setembro de 2010 conseguimos um espaço para fabricação dos derivados com um ponto estratégico para a comercialização, hoje ainda a sede da Cooperativa, situada as margens da BR 116, Avenida Rio Bahia s/n. Nesse mesmo ano tivemos muitas conquistas, as quais nos deixou cada vez mais fortes; conseguimos novos parceiros como Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Prefeitura Municipal de Manoel Vitorino, Associações (do Bairro Santo Antônio; Barraqueiros e Feirantes), Instituto de Formação Cidadã São Francisco de Assis (ISFA), Banco do Nordeste do Brasil, Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido (IDAN) entre outros. O ano de 2011 veio uma notícia que tanto almejávamos, o projeto da CAR “GENTE DE VALOR”, um grande investimento na cadeia do umbu. Esse projeto valorizou ainda mais o nosso trabalho, focando a nossas potencialidades. Houve uma integração dos Subterritórios: Nova Esperança, Poço da Pedra, Distrito de Manoel Vitorino e Distrito do Município de Mirante. Locais onde serão construídas unidades de beneficiamento de fruta com toda a estrutura organizacional necessária: definições de papeis, plano de negócio, intercâmbios, plano de gestão etc. Enfim, esse é um pequeno resumo da nossa história, que ainda tem muito a crescer!