IFBA - Jequié, um engodo em educação? Internauta nos encaminha questionamento.

06/11/2011

Devido à necessidade de suprir a carente mão de obra especializada em alguns setores da indústria, no ano de 1909 foram criados, em todo o Brasil 19 centros de ensino profissionais denominados “Escolas de Aprendizes Artífices”, objetivando assim formar operários dotados de conhecimento técnico através de ensino prático. Nos 100 anos de história destes centros de ensino, eles passaram por profundo processo evolutivo com reformulação de sua estrutura funcional, promovendo interação social cidadão-indústria, bem como a realização profissional de seus egressos. Abordando rapidamente o contexto histórico do Centro de ensino em nosso estado, notamos que desde a sua fundação, a então “Escola de Aprendizes Artífices da Bahia”, que oferecia cursos de alfaiataria, encadernação, ferraria, sapataria e marcenaria e cujo nome perdurou até o ano de 1937, apresentou relativa evolução na oferta de cursos e aumento em número de alunos interessados nas práticas ofertadas pela escola, tais reformulações culminaram com a mudança na nomenclatura da instituição por diversas vezes, sendo as mais significativas, “Escola Técnica Federal da Bahia”, “Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia” e atualmente em “Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia da Bahia”. Ao gosto e olhos dos gestores estamos sempre submetidos a mudanças... Mudanças... Mudanças... Que nada resolvem! Por volta do ano de 2006, articulou-se de maneira aberta a população, a criação do campus de Jequié, e de várias outras unidades em cidades no interior do estado, fato este que só foi consolidado após um conturbado processo licitatório, incorrendo até em anulação do mesmo por irregularidade cometida pelas empresas vencedoras. Felizmente a reitoria juntamente com a Controladoria Geral da União detectou a farsa a tempo de efetuar correção. Curiosamente, tudo que é bom para nossa cidade tem entraves terríveis até a efetivação da instalação (realmente esta cidade tem uma “cabeça de jegue” enterrada na sua entrada). Focando o campus de Jequié, depois de concluída a construção apressou-se em efetuar o processo seletivo para que as atividades do Campus fossem de fato inicializadas, cerca de 5mil jovens e adultos efetuaram as inscrições para o referido processo, afoitos e extasiados, diante da prerrogativa de estudar numa instituição altamente qualificada e de renome nacional. Na aula inaugural em março de 2011, os alunos, pioneiros desta unidade, fitavam professores e a direção, ouvindo atentamente seus discursos, os quais descreviam as diretrizes do Campus e o impacto que causaria na sociedade. Hoje, aproximadamente 8 meses após a inauguração e o final de um semestre corrido, atropelado, de ementa semi-cumprida em algumas disciplinas, enfrentei a primeira greve. Todos os dias ao me aproximar da unidade, observo a partir da BR-116 a pomposa construção localizada no topo da colina, por vezes tenho a sensação de que a cidade foi realmente contemplada com uma das mais antigas e conceituada instituição de ensino federal, imponente, bela, em sua casca exterior, mas funcional como um bambu, ou seja, totalmente oca. Apesar de possuir excelentes profissionais dotados de elevados conhecimentos didáticos, a instituição não possui equipamentos em seus laboratórios, não possui professores para todas as disciplinas. Então subo a colina triste, desmotivado, vendo ruir o meu sonho de ser um técnico altamente qualificado, formado por uma instituição federal, a qual almejava freqüentar desde quando morava na capital, mas, devido à necessidade de trabalhar muito mais que deveria, me foi cerceada tal oportunidade, vejo que eventualmente num concurso público será impossível concorrer de forma similar com egressos de outros campi como, por exemplo, o de Vitória da Conquista. Tenho noção de que o conhecimento se faz também de forma autodidata, mas o mercado exige pessoas comprovadamente capacitadas, e para as disciplinas sem professores, como ficaria o meu currículo? Tosco? Ceifado? Igualzinho a moral de quem conduz a política educacional no país? Caros colegas, reflitam, exerçam o seu direito de cobrança, não se deixem levar apenas pelas promessas, dentro em pouco tempo vocês serão profissionais em campo com elevado grau de responsabilidade técnica, e diante da atual situação do curso de eletromecânica, você acha que seríamos dotados de conhecimento compatível com tal necessidade? Neste país, a educação se faz com luta, e a luta se faz com união! Luciano Silva Aluno | Modulo II - Eletromecânica 2011