Famosa atriz jequieense, Ana Cecilia, conversa conosco.

17/03/2017

JN: Você sempre quis trabalhar com a representação artística? Conte um pouco sobre a sua história.

Ana Cecilia: Desde menina sempre gostei de brincar de teatro, inclusive, a Professora Zélia, do CEMS (Centro Educacional Ministro Spínola), onde fiz o infantil, primário e 1ª série, foi uma grande incentivadora das atividades artísticas na minha infância. Em Salvador, comecei a estudar teatro no Colégio Antônio Vieira aos 14 anos e desde então, já tinha certeza que seguiria essa profissão, nessa ocasião, fiz as minhas primeiras peças profissionais. Depois de fazer o Curso Livre de Teatro da Universidade Federal da Bahia, mudei para o Rio de Janeiro, onde continuei os estudos de atriz e a carreira no teatro, expandindo para televisão e cinema. Além de atriz, fiz Bacharelado em Cinema (Estácio RJ) e Mestrado em Comunicação e Semiótica (Puc SP). Hoje, vivo em São Paulo, trabalho com teatro, televisão e cinema, tenho projetos na área de direção. Sou uma atriz brasileira com toda alegria e luta que isso significa.

 

JN: Qual é a sua relação com a cidade de Jequié. Ainda tem contato com a terra natal?

Ana Cecilia: Jequié é a cidade da minha infância, vivi lá até os 7 anos de idade. Tenho lembranças muito afetuosas desse tempo, da nossa casa, onde brincava no quintal com meus irmãos, comia seriguela do pé e tinha cachorro, as brincadeiras com minhas primas Adriana e Patrícia, a casa da minha avó Cecília. Gostava das festas de Santo Antônio e São João. E como disse, sou grata a Professora Zélia, porque foi com ela que descobri a emoção de subir num palco e representar uma personagem. Hoje, tenho ido pouco à minha cidade natal, porque a minha família quase toda vive em Salvador, mas me reconheço como filha de Jequié.

 

JN: Os seus últimos anos vem sendo de muito trabalho, principalmente como atriz na televisão. Citando alguns: Cordel Encantado, Amor Eterno Amor, Joia Rara, A Teia, e atualmente Rock Story (todos produzidos pela Rede Globo). Como é viver tão intensamente fazendo o que gosta?

Ana Cecilia: Uma das melhores coisas da vida é o meu trabalho, me sinto privilegiada de viver da minha profissão. Mas é preciso muita disciplina e força de vontade para seguir uma carreira artística, e isso é luta de uma vida inteira, porque não temos estabilidade de emprego, não sabemos se vamos conseguir realizar um projeto, é comum termos que ter uma outra opção de trabalho para ganhar a vida, no meu caso, me formei em Cinema e fiz Mestrado para me habilitar a dar aulas. Atualmente, produzi e atuei no espetáculo “A Língua em Pedaços” com texto de Juan Mayorga e direção de Elias Andreato sobre a vida e obra de Santa Teresa D’Avila, nenhum outro trabalho me deu tanto prazer como esse. A experiência do teatro é muito poderosa, e pretendo continuar produzindo outras peças onde eu escolha o texto. Acho que a maturidade me trouxe isso, a necessidade de comunicar com o público idéias com as quais eu comungo.

 

JN: Robert De Niro certa vez falou: "Uma das coisas sobre atuar é que isso te permite viver a vida de outras pessoas sem ter que pagar o preço". A personagem realmente não “cobra” a sua representação? É possível sempre separar o ator da personagem?

Ana Cecilia: Acredito que todo ator que mergulhe profundamente em uma personagem, sai enriquecido como ser humano. É uma oportunidade que se tem de pesquisar e vivenciar um universo, conflitos e história, que irão enriquecer seu repertório pessoal. Para mim, toda personagem, no fundo, é você mesma se colocando naquela circunstância, portanto, é um ofício que pede auto-conhecimento. O ator é corpo, canal de comunicação de uma história, quanto maior for a entrega ao papel, melhor sua interpretação e mais rica se torna a experiência para ele mesmo e para o público. Dentre outras, Dona Virtuosa (Cordel Encantado, novela); Gaia (Jóia Rara, novela); Dalva (Capitães de Areia, filme); (Teresa D’Avila, teatro) foram personagens que exigiram de mim mergulho em águas profundas. Em 2017, deve estrear um longa metragem (3X4), que protagonizo, onde interpreto, Sônia, uma ex-presidiária. Lógico que não foi leve e tranquilo atravessar essa história como atriz, mas sem dúvida, cada personagem que interpreto me torna mais humana, no sentido cristão da palavra.

 

JN: Passado, presente e futuro: como você define?

Ana Cecilia: Não defino, mas desejo: Passado: sonho Presente: luta e prazer Futuro: paz Ana Cecília Costa www.anaceciliacosta.net