Falando sobre desenvolvimento, Dom Ruy entende a sociedade jequieense como o principal agente modificador.

27/03/2014

JN: Há grandes indícios de que um campus da Universidade Católica de Salvador (UCSal) será implantado em Jequié. Como essa situação se encontra atualmente? Dom Ruy: A viabilização da vinda da Universidade Católica de Salvador (UCSal) para Jequié começa a sair do mundo das intenções e passa pela fase de viabilização primeira. No dia 10 de abril, às 19h, no Cerimonial da Catedral, haverá uma reunião com o Reitor da UCSal, Pe. Maurício Ferreira, no sentido de ouvir as demandas da sociedade sobre suas eventuais necessidades acadêmicas. Nesta ocasião esperamos contar com significativas representações da sociedade civil organizada a fim de que as propostas sejam consideradas. JN: Recentemente o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, deu uma entrevista à Pascom (Pastoral da Comunicação) da Diocese de Jequié informando que o início da implantação poderia ser com cursos de pós-graduação. Já existe algum entendimento em relação a esta questão? O senhor acharia viável a vinda primeiramente dos cursos de pós-graduação ou de graduação? Dom Ruy: A questão de outros passos posteriores da implantação dependem, evidentemente, de trâmites burocráticos junto ao Ministério da Educação. Sendo cursos de graduação ou pós, a UCSal deverá seguir tais procedimentos. No entanto, vale ressaltar, que de uma forma ou de outra, o importante é garantir para Jequié e região, a vinda deste polo acadêmico. JN: Jequié vem perdendo rotineiramente oportunidades de desenvolvimento – principalmente na área da educação superior – para a cidade de Vitória da Conquista. Como o senhor enxerga essa questão? Dom Ruy: Vejo que existe uma disputa saudável com Vitória da Conquista. Todavia, consideremos que a nossa realidade é diferente, sobretudo em perspectiva demográfica. É preciso sair do mundo das idéias, de comparações pequenas e sem fundamentos, para viabilizar projetos belos que a nossa cidade e toda região carecem. Penso que esteja faltando este tipo de olhar sobre nós mesmos em Jequié. Um olhar que visualize pontos fracos e fortes, potencialidades que são próprias ou peculiares. Caso contrário haveremos de ter uma frustração ou sentimentos de baixa-estima em decorrência de tais comparações. JN: A população jequieense é conhecida por sua hospitalidade e alegria, mas em contrapartida mostra-se em muitos momentos omissa quando o assunto é cobrar os governantes. Até que ponto o senhor acha importante a sociedade estar atenta e ativa quanto a reivindicações pelos seus direitos? Dom Ruy: O fenômeno da cobrança de direitos ganha, nos últimos tempos, contornos ainda não bem interpretados. Sempre é necessário partir de uma consciência do bem, da justiça e da legalidade para devidas manifestações de cobrança. Entretanto, é necessário nunca perder de vista a consciência de nossos deveres. Se cada um de nós fizer aquilo que é de competência pessoal, claro que a coletividade terá a ganhar. De nada adiantam projetos ambiciosos que não são respaldados por cidadãos éticos e comprometidos, começando no lar e na rua onde habitamos. Acredito que nós que habitamos em Jequié devemos fazer, cada um, a sua parte. Óbvio que reivindicando aquilo é nos é de direito.