Diretor da 13ª Dires, Leonam Oliveira, fala sobre o surto de dengue em Jequié.

16/01/2009

JN: Os jequieenses estão muito assustados com a quantidade de casos de dengue em nossa cidade, principalmente pelo fato de ter sido diagnosticado casos de dengues hemorrágicas, o que levou ao óbito alguns enfermos. O que se pode falar de concreto para a nossa população sobre providências para a solução deste grande problema? Leonam: Apesar da alarmante situação atual em relação à Dengue no município de Jequié e em alguns municípios vizinhos, esse quadro já era esperado para todo o estado da Bahia. No nosso estado, 100% dos municípios estão infestados pelo principal vetor da doença, o aedes aegypti, e mesmo com todas as ações sendo desenvolvidas para o combate ao mosquito e a seus potenciais criadouros ao longo do ano, houve um aumento expressivo da incidência de casos, principalmente entre os meses de novembro de 2008 e janeiro deste ano, época mais propícia à proliferação do mosquito. Por esse motivo, as ações para o combate à dengue foram intensificadas durante o período citado, com atenção especial ao bairro do Joaquim Romão, onde se localiza em maior número, os casos notificados da doença. Assim, foram desenvolvidas as ações de mobilização popular, através de mutirões de limpeza e do trabalho educativo da comunidade; a utilização da UBV, mais conhecido como Fumacê, a fim de criar uma barreira imediata à circulação viral, eliminando o mosquito na sua forma alada; o tratamento e eliminação dos possíveis focos e criadouros; além de reorganização da assistência ao paciente com Dengue e treinamento dos profissionais médicos e enfermeiros em diagnóstico e manejo clínico da doença. Os demais municípios que se encontram sob jurisdição da 13ª DIRES, num total de 25, também estão sendo acompanhados pelo grupo técnico de referência para a Dengue da Regional, sendo alvos das vigilâncias epidemiológica e entomológica. As ações estão sendo intensificadas no município de Apuarema que, assim como Jequié, já apresenta formas graves da doença, a saber: Febre Hemorrágica da Dengue e Dengue com Complicações. JN: Sabemos que a população tem que ser parceira na luta contra esta epidemia. Mas, nos casos em que a população em foco é desprovida de recursos financeiros para, por exemplo, comprar uma tampa para a caixa d’água da sua residência, o que fazer neste sentido? Existe alguma parceria com o governo federal ou municipal com propósito de viabilizar recursos para situações do tipo? Leonam: Com as Normas Operacionais do SUS, desde 1996, a descentralização das ações vem sendo implementada e, atualmente, cada município é responsável pela execução das ações e o estado tem a função de prover suporte técnico e operacional aos municípios. Numa emergência como a que estamos vivendo, o estado e a união deverão contribuir com os municípios no sentido de viabilizar a compra dos materiais necessários ao combate do vetor da Dengue. No bairro do Joaquim Romão foi feito um mapeamento pela equipe de endemias com suporte de um consultor do Ministério da Saúde que se dirigiu ao município de Jequié nos últimos dias para tratar do problema da Dengue. O resultado deste trabalho possibilitará reconhecer em quais domicílios o problema é encontrado para que as providências sejam tomadas. Foram solicitadas tampas para os tanques à Secretaria Estadual de Saúde, além de outros materiais como sacos de lixo, medicamentos e inseticida. A Secretaria Municipal de Saúde tem se ocupado de buscar esses recursos e poderá prestar maiores esclarecimentos sobre o assunto. JN: Para contribuir com a campanha de prevenção, de que maneira as pessoas poderão combater a dengue? Leonam: A informação é uma poderosa arma para atacar grande parte dos males da nossa sociedade e não é diferente com a Dengue. Interessante é observar o quanto a mídia divulga informações a respeito das formas de combate ao mosquito vetor da Dengue ano após ano, e ainda assim os focos encontram-se, na maioria dos casos que são notificados atualmente, no interior dos domicílios dos pacientes. A maioria das pessoas sabe que todo reservatório, por menor que seja, mas que possa conter água, pode servir como criadouro do mosquito. A própria comunidade pode atuar como agente de combate à dengue, se permanecer vigilante dentro da sua própria residência, limpando seus quintais, atentando para os tanques, pneus, garrafas, baldes de lixo, copos descartáveis, e outros, que na época das chuvas tendem a acumular água gerando as condições propícias para a proliferação do mosquito. Informar a todos os vizinhos e mobilizar a comunidade a fim de que ela contribua para manter a localidade livre da presença do vetor também é algo de suma importância. Outra forma é cobrar das Secretarias de Saúde, de Saneamento e Infra-Estrutura, agilidade para a solução do problema caso seja observado um foco próximo a sua residência. Importante salientar que o comportamento do vírus tem sido mais agressivo e as formas graves da doença têm aparecido com maior frequência do que o esperado, com a ocorrência de óbitos inclusive. Por conta disso, na apresentação de febre mais dois sintomas (dor de cabeça, dor muscular ou nas articulações, dor nos olhos, vômitos, lesões de pele, dor abdominal e/ou manchas vermelhas pelo corpo), é necessário dirigir-se a uma Unidade de Saúde para que o tratamento seja adequado.