Cantor e compositor da "Banda João Brasileiro", faz sua crítica construtiva sobre a música em geral. Clique e veja

15/04/2020

Novos Moraes!

“Mas, para que nasçam ‘Novos Moraes’, é preciso que as emissoras de rádio e televisão se desprendam da mesmíssima mediocridade e cafonice impregnada em suas programações...”. 

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Moraes transitou com maestria por todos os ritmos musicais. Seja compondo sozinho ou com um séquito variado de parceiros, o baiano de Ituaçu deu brilho e vida aos incontáveis, frevos, baiões, xotes, galopes, baladas, sambas, choros, ijexás, rocks, salsas, rumbas, fados, reggaes, funks, entre outros, que nos presenteou durante toda a sua trajetória. Além de cantor, compositor e violonista de mão cheia, o flamenguista também (e tão bem) flertou com as palavras e, em forma de poesia, prosa e cordel nos apresentou seus sonhos elétricos mostrando que não precisa ter idade para ser poeta.
Ao lado de Galvão, Pepeu, Baby, Paulinho e mais um time de músicos da pesada ajudou a escrever um dos mais belos e interessantes capítulos da nossa música popular brasileira ao formar os Novos Baianos. O grupo, influência e referência de gerações de sons, soube bem fundir a bossa/samba/rock e o Rio/Bahia/Brasil. 
Em carreira solo, foi ascendente e brilhante. Emplacou sucesso atrás de sucesso em novelas, estações de rádio e programas de auditório na televisão. Em suma e sem redundância, Moraes marcou época e foi a trilha sonora de uma geração. 
Não ignorando e nem desconcertando as redes sociais e as plataformas digitais, a qual vem ditando às regras do mercado artístico nos dias atuais, estranho conceber que outros Tons, Tins, Bens e tais possam surgir de uma invenção pré-estabelecida e desgastada como os programas de reality show existentes na área musical, tampouco, a base de views, likes e lives em streaming. Se não houver sintonia que reverbere, divulgue e estimule o grito de guerra essa coisa acesa não flui.
Mas, para que nasçam ‘Novos Moraes’, é preciso que, as emissoras de rádio e televisão se desprendam da mesmíssima mediocridade e cafonice impregnada em suas programações, ora determinada pelo modismo nefasto vicioso, ora pela indução perversa e conveniente impostada pelos diretores, programadores, comunicadores, apresentadores e donos dos veículos de transmissão, visando apenas os interesses pessoais, comercias e anti-culturais.  
Se não podemos voltar ao tempo, onde esses meios de comunicação outrora foram de relevância em carreiras musicais, que experimentam dosar bom senso e consenso de uma forma mais democrática em consonância de uma concessão pública ou de um canal privado, nos empurrando visão a fundo, tímpanos a dentro e goela a baixo uma nova sonoridade de bom gosto com letras, músicas e artistas de verdade.  

Jequié, 14 de abril de 2020
Wenceslau Junior (Billa)