Ar condicionado quebrado faz Centro de Cultura ACM fechar: jequieenses opinam.
18/07/2013
1 - Bene Sena – Músico: O Centro de Cultura é o único espaço público em Jequié apto a receber espetáculos que exijam acústica perfeita. Principalmente teatro e música de câmara. Perderemos qualquer possibilidade de assistirmos algo nestes seguimentos.
Estamos próximos dos projetos do SESC: Palco Giratório e o Sonora Brasil que geralmente oferece aos jequieenses excelentes eventos que caem como uma luva para o Centro de Cultura. Sabe-se que o Governo do Estado está trabalhando na recuperação, reforma desses espaços em toda Bahia, mas, a burocracia é lenta e longa. Estamos perdendo espetáculos e estamos assistindo um importante equipamento cultural se deteriorando com o tempo. O Centro de Cultura embora seja do Estado foi edificado em Jequié, e hoje eu entendo que o melhor para Jequié seria que a Prefeitura Municipal celebrasse um convênio e assumisse pelo menos a manutenção e a recuperação de algumas avarias como goteiras, ar condicionado, iluminação, deixando para o estado as obras mais complexas. Na verdade utilizamos o Centro de Cultura sem a devida consciência da sua importância, permitindo festas de escolas (principalmente particulares) sem orientação, com crianças pisando nas poltronas, usando doces e refrigerantes dentro da sala de espetáculo, formaturas, encontros políticos - que obrigava o uso do ar condicionado e outros equipamentos para um evento que poderia ser realizado no Palácio das artes, por exemplo. Um desatino que agora como uma lei de causa e efeito estamos assistindo e colhendo os efeitos Nossa culpa, nossa culpa nossa máxima culpa, de todos nós jequieenses que direta ou indiretamente contribuímos para a deterioração de um espaço nobre, importante para o crescimento cultural da nossa gente. Estamos, como se diz na gíria, “no prejú”. Quem não sabe rezar...
2 - Astro Brayner - Produtor Cultural: O Centro de Cultura de Jequié se tornou uma boa referência para os espetáculos vindos de diversas partes do nosso País. Lembro-me que o ator Luiz Miranda após sua apresentação no CCACM me confidenciou "Este é sem duvida um dos melhores espaços que me apresentei na Bahia".
A nossa empresa de produções tem buscado trazer a Jequié o que há de melhor no teatro da Bahia e também de outros estados e tem sido correspondido pelo publico, além do mais Jequié tem curso universitário de artes cênicas. O problema com o sistema de ar condicionado já vem de algum tempo (anos) e a Secretaria de Cultura do Estado sempre teve conhecimento e nada fez, deixando chegar as ultimas consequências num total desrespeito a classe artística em geral e a todos os Jequieenses. Com o fechamento da sala de espetáculo do Centro de Cultura Jequié deixa de receber e apresentar bons espetáculos, causando assim um enorme prejuízo para cultura local.
3 - Saionara Fernandes – Coordenadora do Centro de Cultura de Jequié: Primeiramente, gostaria de esclarecer que não estamos há mais de 3 meses sem espetáculos, encerramos nossas atividades no palco principal no dia 17 de maio. De toda forma, o Centro de Cultura ACM não está fechado. Estamos funcionando diariamente, atendendo o público em geral e com as salas de ensaio em perfeito andamento. Então, qualquer espaço destinado a espetáculos e que por algum motivo fica impedido de funcionar, traz impactos negativos para a comunidade de uma forma geral. Portanto, penso que toda mobilização que tenha como única intenção a de trazer o funcionamento normal do ACM deva ser bem vista como positiva e respeitada. Tenho feito todos os esforços possíveis junto a SECULT para a resolução deste problema que muito tem me incomodado e tenho certeza que logo resolveremos este, que considero um problema de todos nós.
4 - Thiago Barbosa – Ator e diretor de teatro: Como cidadão acho que a situação do Centro de Cultura ACM é uma falta de respeito e abuso do descaso, nada de tão diferente do que pensam os usuários daquele local, mas me privo a observar que depois que aquele espaço passou atender apenas eventos culturais, deixando deputados e demais políticos sem local de alto nível para apadrinhar formaturas, o CCACM vem sendo desprezado e o apelo para reforma ou melhorias são sempre descartados. Haveria alguma relação ou estou imaginando coisas?
Falando como artista do interior do estado afirmo que estou tão decepcionado pelo descaso conosco por parte do estado em não apoiar nossa arte local nos seus milionários editais. Não busco me mobilizar pelo funcionamento do CCACM, o descaso é geral, perdi o "tesão" de pisar naquele local, pra mim só é um belo modelo fotográfico para que o estado se glorifique por suas obras. Palco de muitos artistas, famosos e desconhecidos, o Centro já ultrapassou o limite do tempo e precisa de requalificação estrutural, modernização técnica de qualidade e de participação artística, sendo que está última é utopia, já que se observa em Jequié que quem cuida desses espaços ou da cultura em geral na sua maior parte nem artista é.
Agradeço a oportunidade e afirmo está afastado da cultura e que apesar de o teatro (escolar) me sustentar hoje, a cultura de Jequié pra mim não passa de um passado bom, um presente hipócrita e futuro sem grandes mudanças.
5 - Zezé Guimarães - Produtora de eventos: O Centro de Cultura ACM é um patrimônio artístico cultural; um dos mais belos e importantes do nosso estado, portanto, deveria ser devidamente preservado.
Os problemas do CCACM não estão resumidos ao ar condicionado quebrado, mas ao telhado, a limpeza, as cadeiras quebradas e porque não dizer... Más gestões?
A depreciação vem acontecendo há muito tempo! Cabe aos gestores entenderem que a falta de manutenção inviabiliza a cultura bem como a sobrevivência de empresas e profissionais que vivem de eventos, e com o fechamento deste espaço ficam com seus projetos estagnados e consequentemente sem renda!
Espero que o fechamento do CCACM seja para reformá-lo e reativá-lo e não a fim de enterrar a cultura.
6 - Ricardo Barnabé – Diretor de teatro: Centros de Cultura fechados para mim não é surpresa. Estou há três meses tentando marcar pauta nos Centros de cultura da Bahia para lançamento do novo espetáculo teatral “Evolução das Mulheres no Planeta dos...”
Alagoinhas, Feira de Santana, Guanambi, Jequié, Porto Seguro... Como resposta que obtenho que estão fechados para reforma. Está na UTI aguardando vaga, Itabuna, Valença, talvez Vitória da Conquista. Acho que este ano será enterrado e a missa de sétimo dia a Secretaria de Cultura da Bahia vai notificar em edital.
Como tenho um pouco de visão e não confio em políticos, achei a solução: irei apresentar meu espetáculo em Jaguaquara, no Jaguar Clube, na AABB de Ipiaú, Maracás, Itiruçu, Itambé, em Itapetinga no clube local, em Itororó no teatro municipal, em Conceição do Coité no teatro Maria Rios, em Ilhéus na Casa do Artista (pois o teatro municipal está fechado). Todos sem condições técnicas para o teatro, mas eu gosto de desafio, e estou lá.
Finalmente achei pauta no teatro Dona Canô, Santo Amaro - que alivio! A cultura é um subproduto que os políticos adoram, faz como efeito dominó o povo cair de vez.
Então, o Centro de Cultura ACM fechado não é novidade, vamos em frente que aí vem gente. Ano que vem as eleições despontam no sol de Jequié e para reeleger deputados e governador as coisas vão continuar do mesmo jeito; Leur Júnior, Euclides Fernandes, Roberto Britto, Alice Portugal, e a turma de Jacques Vagner.
Sérgio Mehlem até hoje não foi nomeado secretário de cultura por quê? Teatro Municipal ou Palácio das Artes - como queiram os afoitos que vivem do passado - não possui estrutura física, som, luz, tem o teto caindo e sem comandante. Ah! Esqueci que o Teatro Municipal é o Centro de Convenções de formatura, não tem pauta para teatro, dança ou música, sabe por quê? Os formandos pagam uma fortuna, R$ 1.000,00 (mil reais)... Porque na AABB, Tênis Clube, Cerimonial, Maçonaria o aluguel é na faixa de R$3.000,00 (três mil reais).
Acorda Dra. Tânia e sua equipe de incompetentes, e já está na hora do vice-prefeito assumir seu cargo. Não ao Eduardo secretário de gabinete e ao Dr. Roberto nos bastidores.
Enfim, a cultura está de luto, mudanças já...
7 - Billaw Jr. – Músico e compositor: Sem dúvida alguma é um prejuízo cultural enorme. Mas, como ex-coordenador do espaço em questão, sei das dificuldades burocráticas que impossibilitam a agilidade do funcionamento normal do nosso maior espaço cultural. É coerente as cobranças, haja vista que se encontra fechado um dos melhores equipamentos do nosso estado. Sei do processo licitatório que está sendo agilizado, como também sei da impaciência dos produtores e empresários locais. Torcemos para que no mais rápido possível possa se resolver essa questão, que, diga-se de passagem, já virou uma rotina.
8 - Alysson Andrade – Produtor e gestor cultural: Temos outros espaços culturais em Jequié para a realização de espetáculos artísticos, a exemplo do Teatro Municipal, entretanto, este encontra-se em condições precárias para qualquer produção, com forro caindo, dentre outros problemas... Além disso, as pautas do teatro estão sempre tomadas por uma demanda intensa de formaturas. Ainda que tivéssemos outros espaços culturais na cidade com a mesma infraestrutura do Centro de Cultura ACM, não justificaria a suspensão das pautas, levando em consideração que o espaço deveria dispor de uma empresa contratada pelo estado para a manutenção regular da central de ar condicionado. Certamente, se houvesse manutenção, não aconteceria a pane total dos equipamentos como ocorreu. Nunca assistimos a uma pane do tipo em uma Assembléia Legislativa, por exemplo, porque há manutenção previa para que isso nunca aconteça, e se porventura acontecer, resolve-se tudo em dois dias. Em minha opinião, um espaço cultural deve ser encarado com a mesma atenção pelos poderes públicos (sem remendos ou paliativos), sob pena de comprometer a cadeia produtiva da cultura, já que sem um centro cultural limita-se as opções de escoamento da produção criativa e, portanto, a fruição dos bens culturais pela sociedade. Para concluir, uma pesquisa recente do IBGE (divulgada neste mês de julho/2013) apontou um aumento de espaços culturais nas cidades brasileiras, mas esqueceram de avaliar também as condições técnicas atuais desses espaços, como reflete o Centro de Cultura ACM.
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