No Túnel do Tempo, por Charles Meira
01/11/2007
Parado em frente ao antigo Grupo Escolar Castro Alves, contemplei uma cena deprimente, que partiu o meu coração. No outro lado da rua, operários derrubavam as paredes daquele espaço que marcou um belo período da minha infância. Pensei em aproximar para presenciar detalhes do que estava acontecendo, porém o impacto foi tão grande que não tive coragem. Do lado de fora, entrei por instantes no túnel do tempo, e passei a lembrar de memoráveis momentos vividos naquele local por nós jequieenses.
Diversão, alegria... Era o que acontecia nas manhãs de domingo no Cine Jequié. O locutor Geraldo Teixeira anuncia o calouro infantil Charles Barros Meira. Assim como eu, muitos outros conterrâneos tiveram a satisfação de participar do programa Festival dos Brotos. Cantando, apresentando, julgando, tocando, gritando, eles faziam parte de uma multidão que semanalmente lotava as quase 1.500 cadeiras do Cine Jequié.
Crianças, jovens e adultos se divertindo, trocando e vendendo revistas em quadrinhos, encontros amorosos e famílias reunidas para assistirem a os mais famosos filmes em exibição.
Corações batendo forte, olhos sem piscar, estávamos ali sentados, apertados no chão em frente ao palco, porque todas as cadeiras já estavam ocupadas.
Roberto Carlos é anunciado! Foi inesquecível, momento único, paralisante, um dia especial que somente o Cine Jequié nos proporcionou.
De volta ao presente, permaneci por alguns instantes olhando para aquele quadro de destruição e de uma faixa anunciando a inauguração de uma grande loja da região.
De frente ao local que poderá servir para abrigar o museu da nossa cidade, revivi parte de uma história que certamente fará parte do seu acervo.
Triste, deixei o local.
(Escrito em Nov/2005)
Charles Meira
Cantor e compositor evangélico
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