Jequieense Jamile Luz, designer de joias na Europa, conversa conosco.

22/05/2017

JN: Quem é Jamile Luz? Conte um pouco da sua história.

Jamile: Eu nasci em Jequié em 1974, mas fui criada em Itagibá, cidade que amo muito. Jequié por ser bem próxima eu ia ao menos uma vez por semana com meu pai Inaldo Luz, e como ele era comerciante o mundo dos negócios começou bem cedo para mim. Estudei na adolescência no colégio dinâmico e em seguida comecei a morar em várias cidades da Bahia, antes de vim parar em Genebra.

Quando cheguei aqui depois de ter passado por Barcelona e Andorra (principado que se localiza entre a Espanha e a França), trabalhei duro para pagar estudos (Francês ) e moradia. Com o passar dos anos, conheci o amor e formei uma família. O fato de estar bem consigo mesma e apoio moral conta muito.

 

JN: Quando você se deu conta que tinha o dom para a criação das joias?

Jamile: Desde pequena sou fascinada pelo artesanato e sobretudo tudo que enfatiza a cultura indígena e regional.  Catar sementes era uma brincadeira de criança.  Há 5 anos comecei a vender umas biojoias de algumas designs brasileiras e vi que o mercado tinha espaço. Em cada feira ou exposição que participava o olhar encantado e os elogios me faziam querer continuar apesar das dificuldades encontradas no meio dos negócios. A crise econômica também chegou aqui e as vendas caíram muito. O mundo todo sofre, o comércio também. Mas, a vontade junto com a curiosidade e o dom pela arte minimalista me levou a um universo apaixonante, o da criação.

E como a arte é ilimitada, ela flui, nasce, observa, erra, acerta, e por ser longa requer inúmeras tentativas ao chegar ao produto desejado. Assim nasceu JLbio. Estudos de botânica, observações, arte e procura pela matéria prima de base: as sementes, pedras, fibras etc. A matéria prima vem do Brasil. Amazonas, Pará, Cerrado, Bahia.  Trago um pouco das riquezas que essas regiões proporcionam e utilizo assim como outras designers de biojoias de maneira sustentável e consciente. A proveniência das sementes, do material tudo é importante.

 

JN: Hoje em dia você mora em Genebra, na Suiça. Como é o mercado para o seu produto na Europa?

Jamile: Aqui na Suíça e na Europa em geral o interesse pela revolução na indústria da moda vem crescendo, e  as  pessoas começam a valorizar o saber dos artistas locais favorizando assim uma abertura para minha arte.

As biojoias são bijus artesanais feitas com matérias orgânicas que ao serem trabalhadas (tramento, polimento, furo, coloração etc) podem receber um acabamento com matérias nobres ou pedras semi-preciosas.

O nicho de mercado para as biojoias ainda é pequeno, mas com as mudanças no comportamento dos consumidores em relação a questões de ordem social e ambiental influenciam fortemente a indústria da moda. Hoje, procedimentos como o reaproveitamento de materiais e o oferecimento de condições dignas de trabalho são tão valorizados quanto a qualidade e a durabilidade dos produtos.

 

JN: Ainda visita a cidade natal?

Jamile: Sim, sim. A cada ida ao Brasil, Jequié faz parte do meu roteiro semanal. Rever a família e os amigos, fazer umas comprinhas nas boutiques eu adoro. Outra coisa é que Jequié é conhecida internacionalmente, por seus artistas e ponto de referência no sudeste baiano.

 

JN: Para aqueles que queriam saber um pouco mais da sua arte, como fazer?

Jamile: Em Genebra eu exponho na boutique C'BOS em Carouge e on- line na página Jamile luz biojoias no Facebook e instagram. O site JLBIO estara em breve disponível para todo o mundo. Novas parcerias estão sendo criadas e um site suíço que propõe materiais e moda eco-responsáveis disponibilizará das peças JLBIO para a alegria das mulheres que amam e se preocupam com o nosso meio ambiente, sem deixaram de ser fashion e estilosas.