Andando na Pista, por Charles Meira.

23/09/2007

Muitos anos antes da administração do prefeito Roberto Brito, na minha mente já havia um projeto arquitetônico semelhante ao realizado pelo Governo do Estado em parceria com a prefeitura para embelezar as margens do rio Jequiezinho. Nunca tive oportunidade para mostrar aquela idéia aos nossos comandantes, entretanto fico feliz por vê-la concretizada. Projetada para ser um vetor de crescimento da nossa cidade, acredito que vem cumprindo e cumprirá as metas pretendidas para o futuro. Além dos benefícios citados, um é para mim muito especial. Diariamente utilizo as pistas da Avenida César Borges para fazer o meu Cooper e levar a minha filha Isabella ao Colégio Luís Eduardo Magalhães, que foi ali construído para fortalecer a concretização dos planos idealizados. No percurso que faço, além de ter a companhia da filha querida que levo de braços dados e carrego os seus livros, encontro muitos amigos como o corredor amador pai de Ellen, os ex-alunos do Colégio D. Pedro II, a gordinha, sua mãe, e a menina, aluna do Colégio Polivalente. No início da avenida, depois de visualizar boa parte das pistas, fico a pensar no dia da sua inauguração. Havia árvores plantadas, flores, gramas verdes bem tratadas margeando o rio e carros pipas irrigando. Os terrenos baldios estavam totalmente limpos, os passeios sem buracos, e uma perfeita sinalização. Com um bom-dia do professor e ex-colega da Coelba, Paulo César, acordo para a vida e prossigo a caminhada com cuidado para não tropeçar nos buracos agora existentes nos passeios. O ar puro e os raios solares ainda brandos me fazem esquecer por minutos da ponte localizada na Avenida Franz Gedeon que caiu e somente será inaugurada no ano político, esquecer também da iluminação precária das pistas, dos constantes assaltos praticados por motociclistas aos moradores da região, da população carente pescando para sustentar seus familiares, dos animais se alimentando e bebendo da água poluída do rio Jequiezinho, dos pneus e do lixo que são jogados pela população descompromissada com o meio ambiente. Deixo Isabella no colégio e continuo andando. Logo encontro Melinda, a filha do meu amigo Zé Biu, a menina morena da cabeça “torta”, as irmãs da Igreja Maranata e o seu pastor e professor Paulo. Volto a pensar e vejo grandes buracos no asfalto em frente ao Lojão L.C, loja inaugurada recentemente. Quando levanto a cabeça contemplo a beleza da Ponte de Newton. Era toda pintada de branco e dotada de moderno sistema de iluminação, um cartão postal da Cidade Sol. Uma moto na conta-mão me tira a concentração e volto à realidade da sujeira da ponte e do não funcionamento da iluminação. Mais na frente encontro meu amigo Nildo, proprietário da Nildo Cine Foto, tentando perder alguns quilinhos, vejo as loiras do Colégio Modelo, o Beto da gráfica Sudoeste, a mãe da irmã Tânia Coqueiro com seus mais de oitenta anos de idade. Por duas vezes encontrei o prefeito Reinaldo Pinheiro, um amigo de infância, e comitiva. Perto da ponte que leva ao bairro São José, uma proteção da pista foi arrancada e continua do mesmo jeito. Estamos esperando a construção das instalações da FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciência), e do término do outro módulo do curso de Odontologia da UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) Campus de Jequié, obras que por certo fortalecerão os planos de crescimento e valorização da região. Até o final da pista a realidade é a mesma. A população fica alegre quando, de vez em quando, a atual administração realiza serviços de limpeza naquele local. Porém, esta, que considero uma das mais importantes obras já realizadas em Jequié, merece dos poderes públicos uma manutenção imutável e de excelência. Retorno para casa depois de visitar minha mãe Maria Letícia, esperançoso de, um dia, poder presenciar os meus sonhos concretizados, é claro, ainda andando na pista. Charles Meira Cantor e compositor evangélico