O Brasil precisa ler mais. Interessante artigo de Lucas R. Novaes.

31/12/2012

Quantos artigos já foram escritos sobre a importância e os benefícios do hábito de leitura? Quantas campanhas o Ministério da Educação já promoveu? Quantos estudos já foram desenvolvidos por psicólogos, pedagogos, sociólogos, antropólogos... Quantos? “Quem lê viaja”, esse é apenas um dos jargões que já se solidificaram na consciência coletiva das massas. Contudo, pesquisas recentes atestam que o número de leitores no Brasil, embora tenha aumentado consideralvelmente na última década, é imensamente inferior ao dos países desenvolvidos ou mesmo de países mais pobres, como é o caso da Colômbia, do Peru e da Agentina, só para ficar em alguns exemplos. Também existem estudos que tentam culpar as mudanças de hábitos impostas pela contemporaneidade: nosso constante estado de urgência, a velocidade e dinamização atingida pelos veículos de comunicação, as disponibilidades propostas pelas novas tecnologias que nos cercam e nos condicionam. Outros preferem citar o preço dos livros que, convenhamos, no nosso país, é elevadissímo. Além destas, tantas outras justificativas tentam fundamentar a nossa falta de paixão pelos livros. O poeta Lêdo Ivo disse recentemente que somos um povo muito contemplativo e que o excesso de sol na moleira é, de fato, prejudicial. Então, pergunto eu: o que fazer? Sabemos que o desenvolviemnto econômico de um país está intrinsecamente vinculado aos níveis de informação e de formação científica de seu povo, o que reflete diretamente na qualidade de vida, na seguridade de direitos e nos avanços sociais que possam possibilitar a todos o acesso aos bens de consumo e a um serviço público de qualidade. Como disse Voltaire: “os livros governam o mundo”. Vejo semanalmente na TV Senado os discursos inteligentes, para não dizer irrefutáveis, do senador Cristovam Buarque que defende, quase que intransigentemente, que os royalties do pré-sal sejam, integralmente, destinados à educação. Presto atenção aos seus argumentos e concluo: ou eu sou um fã incondicional desse cara, ou seus colegas senadores são mais insensíveis que uma rocha bruta. Mas, como bem aponta Schopenhauer: “os homens estão mil vezes mais preocupados em ficarem ricos do que em adquirirem cultura, embora seja inteiramente certo que aquilo que o homem é contribui mais para sua felicidade do que aquilo que ele tem”. O fato é que menos de 10% das cidades brasileiras possuem livrarias, menos de 8% tem cinema e menos de 10% uma biblioteca pública. A nossa mais conceituada universidade – a IMPONENTE USP – é apenas a centésima do planeta. Nem sei se é válido citar que apenas 2% dos estudantes desta são negros. O que me dizem disto? É fato também que, estranhamente, muitos dos professores de literatura não gostam de ler, que vários dos nossos estudantes de Letras concluem a graduação sem ler um único livro, que as bibliotecas das nossas escolas públicas mais se parecem com depósitos de cadeiras e mesas quebradas, e que... Bem, é melhor parar por aqui. Ouçamos Voltaire: “Quando uma nação começa a pensar, é impossível detê-la”. Lucas Ribeiro Novaes