Cartunista jequieense, Edu Santana, conversa conosco. Confira!

11/02/2017

JN: Edu, como é viver como um cartunista na cidade de Jequié? É digna de uma edição?

Edu: Amigos, que prazer respondê-los, obrigado! Observem, é muito bom no meu caso, pois não tenho de perseverar, sempre fui apenas eu mesmo. Sem pretender gerar maiores expectativas em mim, produzo no meu ritmo, rejeitando pressão e imprimo por conta própria ciente de que não disponho de espaço de tempo maior para vender; ou seja, é uma curtição, embora acredite que os que adquirem gostam! Acho que em qualquer lugar do mundo ser um cartunista mereceria uma bela edição, não somente voltada para o viés das cruciais adaptações mercadológicas como ao vívido, prático e pleno sentido da palavra. Tanto que em Jequié, brotariam várias edições, todas sem luxo! Já pensou que maravilhoso se comerciantes, moradores de rua, estudantes, vendedores de picolés, doutores, educadores, prefeito, vereadores, a classe nobre e culta acadêmica e seus letrados resilientes estivessem todos posicionados em fila, e para quê? Só para conseguirem um modesto exemplar da biografia de alguém que desenha bonecos narigudos! (risos) Convém salientarmos, porém, que ser cartunista a meu ver, não é simplesmente o "cartunistar" popularmente idealizado, como ofício, mas em essência - uma forma de enxergar, sentir e exprimir-se a vida. Um estilo de brincar no existir que vai dentro do coração, não por vaidade, não por ilusória e torpe ganância, óbvio!

 

JN: Conte um pouco mais sobre a suas produções e novos projetos.

Edu: Os novos projetos são de longe os velhos projetos que norteiam há muito nossas guerreiras produções, gerando formatos diversos da mesma essência leve ou pegada criativa. Lancei o gibi Come-Comix em 2006, nome influenciado pelos vídeo-games, os dois "C" da logomarca eram o Pac-Man do clássico jogo. Mais recentemente foi a vez do Planetiras, que vem com 30 tiras minhas. A fim de tornar nosso trabalho mais acessível para a criançada, baixando o preço de capa, meu mais novo propósito foi prosseguir pelo esquema usado no Planetiras, só que desta vez sem cores, tudo P&B. São portanto também 30 tiras a cada edição, chama-se "Jornal o Pardal".

 

JN: Com o advento da tecnologia - com o meio virtual -, você acha que a procura pelo cartoon entrou num ritmo decrescente e sem volta?

Edu: Realmente, por um lado jornais impressos se desesperaram, cortaram muita gente boa do humor gráfico, quando não logo baixaram as portas. Os cartunistas que tradicionalmente auxiliavam a atrair e mesmo formar novos leitores para os jornais foram quase todos trocados por qualquer teco de publicidade, enfim, as tiras viraram espaço publicitário. Por outro lado, entretanto, acredito que a novidade do meio virtual ao longo dos anos facilitou muito o alcance, negócios e popularização de diversos autores de quadrinhos, charges, tirinhas e cartuns. Há bem mais produções vistas e gente na ativa que antes, com certeza, ótimos profissionais que vão à luta em grandes eventos de quadrinhos, ali ou noutras batalham por seu espaço. Dispensamos os correios para envio de material gráfico (ao oferecer a editores amostras ou encomendas de ilustração, caricaturas) e a entrega online é instantânea - a menos que o produto seja físico, lógico. Portanto, entre outras razões, esse declínio às vezes até meio alardeado por aí, devido a entrada da internet em cena, creio que foi já do primeiro degrau da escada ao chão, tratando-se exclusivamente no jornal impresso e só. Claro, falo do contexto de algumas décadas para cá, quando já não notávamos os tais sonhados incentivos da mídia impressa para nós cartunistas, como antes. Nesse raciocínio não sei se alguém tem propriedade para afirmar, por exemplo, que menos pessoas hoje consomem tirinhas que na boa época do impresso nacional, pois não consigo precisar quantas de fato as liam e quantas atualmente as leem. Há várias páginas de quadrinhos com centenas e até milhares de seguidores (assim que os chamam) alcançados a partir do Facebook. Antigamente, isso era possível? Posso duvidar? Mas sei que as pessoas vão se esfriando também nas mídias sociais, a frequência dos internautas irá caindo naturalmente, a enxurrada de informações de modo gradativo dispersa e fragmenta qualquer plateia. Quem produz trabalho artístico autoral deverá, no embalo e via que for, encontrar seu público, gerar sua demanda.

 

JN: Como fazer para conhecer o seu trabalho?

Edu: Indico a página do facebook, ao entrar no álbum, verão bastantes postagens. E também o blog Planetiras. Por estes, vez por outra, posto novidades. Deixo um abraço cartunêsco a vocês, meus amigos do Jequié Notícias!