Água: bem da humanidade ou mercadoria?

21/03/2012

Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Água (22), a internauta Profa. Dra. Marluce Galvão Barretto (Biologa) nos indica uma matéria sobre o assunto, que segue logo abaixo. Matéria publicada no site: www.comunitexto.com.br Nesta semana, o Fórum Mundial da Água, sediado na França, avalia os desafios do abastecimento de água em todo o planeta. Alcançamos a marca de 7 bilhões de pessoas no mundo no ano passado, e estamos a caminho dos 9 bilhões até 2050. No Fórum, a Agência Nacional de Águas (ANA) apontou as necessidades de coordenação institucional, em nível mundial, para gerenciar a água, mas também os desafios para alcançar uma coordenação efetiva, como a falta de estrutura jurídica, além de problemas relacionados à soberania dos países. De acordo com a ANA, atualmente, cerca de 28 agências ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU) lidam com água, que não é o foco do trabalho de nenhuma delas. Aproveitamos o tema e conversamos com José Galizia Tundisi e Takako Matsumura-Tundisi sobre saneamento básico, privatização da água e resíduos líquidos. Confira abaixo: C: Quais as principais dificuldades para que todos tenham acesso ao saneamento básico? JT: As principais dificuldades para o acesso ao saneamento básico estão relacionados à lentidão para o estabelecimento da infra-estrutura e à falta de investimentos continuados e consistentes para a infra-estrutura . C: Como vocês vêem o conceito atual de que a água é um bem mercantil, ou seja, um grande negócio caso ela seja cobrada de todos? TMT: A água é um bem universal que deve ter acesso a todos. Como os governos não tem capacidade de investimentos para resolver todos os problemas de saneamento, a capacidade de investimento pode ser completada com a iniciativa privada, desde que os sistemas de regulação estejam muito bem consolidados e efetivos, para evitar ganhos excessivos e cobranças indevidas. C: A declaração no Fórum da água pede que os países aumentem os investimentos em água e saneamento como uma estratégia para reduzir a pobreza, acelerar o crescimento e criar novos trabalhos. Para isso, recomenda parcerias entre os governos e a iniciativa privada, assim como o intercâmbio de melhores práticas. Na opinião de vocês, a gestão da água deve ser papel do setor privado? TMT: A gestão das águas deve ser um sistema compartilhado por governos, sociedade e usuário. Não é papel só do setor privado. C: Atualmente, mais de 80% dos resíduos líquidos não são coletados nem tratados. Como mudar este quadro? JT: O tratamento de resíduos líquidos deve ser resultado de investimentos maciços entre iniciativa privada, governos estaduais, municipais e federais e uma mobilização completa da sociedade. Para mudar este quadro educação é fundamental. Isto inclui: público, políticos, governantes.